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- Uma etapa que serviu para estreitar cenários na luta pelo título nacional, separando os reais candidatos dos outros.
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O Allianz Sintra Pro marcou o centro da Liga MEO Surf 2020. Uma etapa recheada de emoção e grandes performances, que terminou com os triunfos indiscutíveis de Vasco Ribeiro e Teresa Bonvalot. A Praia Grande nem sequer fazia parte do calendário inicial, antes da Covid-19 estragar os planos ao Mundo inteiro, mas acabou por entrar por troca com o Algarve.
Uma aposta ganha por parte da Liga MEO Surf e que se revelou certeira. Foram três dias de muito surf, com as ondas a colaborarem e os surfistas ainda mais. Uma etapa que serviu para estreitar cenários na luta pelo título nacional, separando os reais candidatos dos outros. Eis 10 notas sobre o Allianz Sintra Pro, que decorreu no passado fim-de-semana.
Praia Grande
Em pleno início de agosto é muito difícil encontrar ondas em Portugal. Mas a Praia Grande revelou-se mais uma vez o palco primordial do surf português no pico do verão. Houve ondas de qualidade e o dia final ofereceu junções bem desafiantes, bem ao nível que os nossos surfistas já se habituaram lá fora. Depois das dificuldades com as ondulações na Figueira da Foz, em junho, e na Ericeira, em Julho, Sintra marcou pontos no regresso ao calendário do melhor surf nacional.
Vasco Ribeiro
Na Ericeira tinha aumentado o registo sem conseguir vencer etapas ou mesmo chegar às fases decisivas. Mas na Praia Grande, Vasco mostrou ter recuperado o foco e a boa forma. Deu espetáculo nos dois primeiros dias, mas guardou o melhor para o fim. E num complicado dia final acabou por ser o surfista que encontrou as melhores ondas, mais veloz, mais letal, mais tudo. Vasco foi one man show neste Allianz Sintra Pro e o seu triunfo é inquestionável. Foi a melhor forma de colocar um ponto final num jejum de dois anos e de mostrar que está de regresso ao topo do surf nacional.
Teresa Bonvalot
São 20 anos e 18 triunfos em etapas da Liga MEO Surf. Em 2020 é o segundo em três etapas. Desta vez, sem qualquer margem para dúvidas. Teresa destaca-se com ondas incríveis, como aquela nota excelente com apenas uma manobrona na junção durante a final, faz os scores mais elevados e, quase sempre, discute com os homens as notas mais altas dos eventos, levando, por vezes, a melhor. Teresa venceu a Triple Crown e recuperou a liderança da corrida pelo título. O facto de estar exclusivamente focada na Liga fez com que tivéssemos a melhor Teresa de volta, mesmo perante a concorrência mais forte que já teve. É o surf nacional que tem a ganhar com toda esta envolvência. A surfar assim, muito dificilmente alguém vai destronar Teresa Bonvalot. Mas no caso feminino tudo ainda vai a meio, pois a próxima etapa é o evento exclusivamente feminino de Ílhavo. E que batalha promete ser!
Eduardo Fernandes
Por vezes esquecido por parte da crítica, Eduardo Fernandes mostrou em Sintra que se pode bater com qualquer surfista nesta Liga. Chegou aos quartos-de-final e só não foi mais longe porque apanhou Vasco Ribeiro pela frente. Edu tinha estado em grande forma na véspera, onde deixou no ar a possibilidade de repetir o triunfo que ali tinha conseguido em 2015. Eduardo representa aquela classe mais velha de surfista, que podem parecer já afastados das decisões, mas que ainda têm muito e bom surf para regressar aos pódios.
Frederico Morais
Kikas chegou a Sintra com a motivação de recuperar a liderança do ranking e cedo se mostrou com andamento para tal, juntando bons scores a triunfos. Só que depois teve pela frente um inspirado Vasco Ribeiro nas meias-finais, que já o tinha vencido antes da fase man-on-man. Isto também é o resultado de um draw desnivelado, que tem mostrado uma parte superior muito mais forte que a inferior. Veja-se que em Sintra na parte superior do quadro estavam nomes como Frederico, Vasco, Blanco, Marlon, Gony, Eduardo Fernandes e mais alguns pesos pesados, dando quase a ideia de dois campeonatos diferentes. É o seeding que assim o dita, sobretudo devido ao facto de alguns nomes sonantes terem faltado a algumas etapas no passado. No Porto, com a atualização do seeding, tudo será diferente…
Kika Veselko
Nos dois primeiros dias de prova Kika foi um dos grandes destaques da prova feminina, mostrando às favoritas que estava ali para se intrometer na decisão da etapa. Foi por pouco que não conseguiu esse feito, pois no domingo não conseguiu encontrar-se com o mar. Esta é a prova de que a nova geração do surf feminino nacional está preparada para chegar-se à frente, igualando um nível já de si muito alto e nunca antes visto. A troika composta por Teresa, Yolanda e Carol pode estar a preparar-se para discutir o título entre si, mas aproveitam bem este ano, porque nunca futuro a curto prazo e número de candidatas vai ser bem mais largo. Certo, Kika?
Gabriela Dinis
Gabi foi a responsável pela não ida de Kika Veselko à final. A jovem surfista de Carcavelos conseguiu, aos 16 anos, o primeiro grande resultado da ainda curta carreira. Mesmo quando todos pensavam que chegar às meias-finais já tinha sido um grande feito e que a final estava à espera de Kika, Gabriela decidiu fintar o destino, sempre com muita objetividade à mistura, para garantir a presença na final. O heat decisivo até pode ter sido facilmente vencido por Teresa, mas Gabriela não sentiu a pressão e foi ela quem começou a impor o ritmo do duelo. Mais um nome que se junta a Kika e Mafalda Lopes para provar a grande vitalidade e os anos dourados que o surf feminino nacional terá pela frente.
Martim Nunes
Por falar em juventude, na prova masculina a grande surpresa foi Martim Nunes, que, aos 16 anos, chegou pela primeira vez à fase man-on-man. Martim ainda deu luta a Afonso Antunes nos quartos-de-final, mas faltou “músculo” ao jovem surfista lisboeta, que provou ter muito mais para mostrar do que apenas o facto de se ter tornado famoso pela temporada que passou junto com o campeão mundial de surf, Italo Ferreira. Com experiência e o tal músculo, mais resultados destes virão para o Martim. E também para os outros inúmeros jovens que começam a dar cartas na Liga.
Filipe Jervis
Depois da inesperada derrota de primeira na Ericeira, que pode ter refletido alguma habitual irregularidade, Jervis regressou a Sintra com o surf novamente no pé e, silenciosamente, foi avançando heat após heat, deixando para trás nomes como Tomás Fernandes. À final conseguida na Figueira, juntou uma meia-final, que perdeu para Afonso Antunes, depois de um erro de cálculo na estratégia escolhida. Não deixa de ser curioso perceber que foi preciso estar a chegar aos 30 para Jervis atingir a sua maturação competitiva. E contem com ele, pois, mesmo não podendo falhar mais, tem já muito bons resultados a contar para a luta pelo título.
Afonso Antunes
Tem 16 anos e levou para casa a Allianz Triple Crown e os 4 mil euros de prémio, depois de uma acesa luta contra Frederico Morais, um surfista que pertence à elite mundial. Afonso, desta vez, não ganhou a etapa. No entanto, sai de Sintra ainda mais líder do ranking, depois de ter chegado à sua segunda final consecutiva na carreira. Repetimos, com 16 anos. Em três etapas, o filho do ex-campeão nacional de surf João Antunes soma uma meia-final, uma vitória e uma final. O que significa que nas duas últimas etapas ainda tem margem para escorregar. Se nessas duas conseguir mais uma vitória ou final, é muito provável que esteja a festejar o primeiro título nacional da carreira no final do ano. Mas se isto já impressiona, o que é, de facto, impactante, é a forma como um jovem surfista de apenas 16 anos consegue já impor ritmos durante a competição, começando sempre de menos a mais, tal como se exige aos grandes competidores. Nas primeiras rondas faz o necessário, sem ceder. Depois vai aumentando o nível e é sempre nas fases finais que atinge o apogeu. Desta vez, falhou o triunfo porque do outro lado estava alguém num patamar completamente à parte de todos os outros surfistas…
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FotografiaJorge Matreno/ANSurfistas
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FonteRedação
