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- A surfista de 22 anos diz que viveu vários dias de felicidade em 2021 e assegura que vai surgir mais forte em 2022.
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Uma das figuras do surf de competição nacional neste ano de 2021 que está prestes a terminar foi Teresa Bonvalot.
A surfista portuguesa esteve em grande forma, numa temporada que ficou marcada pela histórica participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio'2020, a estreia a vencer em eventos QS e ainda o fantástico terceiro lugar no Mundial ISA de El Salvador, que catapultou Teresinha para as Olimpíadas.
12 meses com tanto para contar e ao qual só ficou a faltar a qualificação para o Championship Tour (CT) de 2022. "Acho que há coisas que não acontecem porque não têm de acontecer", afirma.
Este foi também um ano marcado por outras aventuras e também alguns sustos, como foi o caso daquele vivido em Ribeira d'Ilhas que assombrou o dia do seu 22º aniversário.
O MEO Beachcam esteve à conversa com Teresa Bonvalot sobre este ano inesquecível à margem do evento do apresentação do projeto de surf & skate do Sporting Clube de Portugal, team no qual Bonvalot está inserida.
MEO Beachcam (BC) - Teresa, em termos pessoais este foi um ano com tanto para contar. Que balanço fazes deste 2021?
Teresa Bonvalot (TB) - Este foi um ano em cheio e com muita aprendizagem à mistura. Acho que foi um dos anos em que mais aprendi. Ao mesmo tempo, alcancei vários objetivos. Desde vencer o primeiro evento QS (Caparica) à qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio'2020 através do terceiro lugar no Mundial ISA de El Salvador, não esquecendo o segundo triunfo no QS, nos Açores. Olhando para trás, vejo que alcancei muita coisa. Vivi vários dias de felicidade. Para além de tudo isso, este foi um ano em que cresci muito a nível técnico e mental, graças a todas as situações que fui ultrapassando. Tudo isso faz com que haja uma Teresa Bonvalot mais forte em 2022. Quer ganhe ou perca um campeonato, há sempre algo em que é possível fazer melhor. Tenho sempre ser melhor do que fui ontem.
BC - A que te referes quando falas neste ter sido um ano de muita aprendizagem?
TB - Nestes últimos meses, aconteceram muitas coisas que podiam-me ter assustado. Falo em primeiro lugar da experiência pela qual passei na Ericeira, no meu dia de aniversário. Depois de todo aquele susto que vivi, não pensei duas vezes e voltei imediatamente para dentro de água. Recentemente no Havai, esta foi mais uma viagem marcada por certos incidentes. Com tudo isto, quis demonstrar a todos que apesar das adversidades o mais importante é não ficar afetado. Aconteceu-me isto, mas vou seguir em frente.
BC - O que sentes que faltou durante as quatro da etapas da Challenger Series, onde estava em jogo a qualificação para o CT de 2022?
TB - Acho que há coisas que não acontecem porque não têm de acontecer. Nos três primeiros campeonatos tive heats um pouco ingratos. Seja pelo facto de não existirem ondas naquele momento ou no caso da Ericeira por tudo o que se passou. Em Huntington Beach e França, os heats podiam ter caído para o meu lado ou para as rivais. Foram baterias apertadas. Estavam sempre a vir ondas e de repente tudo tudo mudou no mar. Estas são coisas que não controlamos. Tento olhar para tudo isto como uma aprendizagem para que no futuro regresse mais forte.
BC - No Havai, o campeonato de Haleiwa ainda não tinha começado e aconteceram-te mil e uma peripécias. Como sofreste aquelas queimaduras no rosto e no braço?
TB - Foi a passar a sopa e acabou por haver uma explosão. Naquele momento estava a usar um chapéu, o que me protegeu os olhos. Dias depois, fui atingida com a prancha no nariz. Fiz uns belos cortes. Quase que fiquei de fora do campeonato. Ainda por cima, quando estava a sair da água passou por mim um miúdo muito assustado. Pensei o pior nesse momento: queres ver que isto é muito grave? Contudo, mais uma vez, tive sorte nos azares e consegui voltar, como sempre.
BC - Pipeline é....
TB - Pipeline é incrível. Anteriormente, já tinha estado no Havai. Desta vez, tive a oportunidade de ficar hospedada mesmo em frente à onda. Ainda consegui encaixar alguns momentos, numas janelas em que de repente não havia muito crowd e vieram altas ondas. Fui com essa mentalidade de encontrar boas janelas para surfar, pois sabemos que quando Pipe está bom há sempre muitos surfistas na água.
BC - E em termos de localismo, sentiste os efeitos dessa situação?
TB - Foi tranquilo. Sabemos que certos momentos em certos dias, os locais têm sempre prioridade. Sou uma surfista que respeito imenso essas situações e também acabo por ter o respeito das outras pessoas, pelo que não que existiu qualquer tipo de problema.
BC - Este ano, também tiveste a oportunidade de visitar pela primeira vez a piscina de ondas artificiais de Waco, no Texas. Que sensações tiveste ao surfar naquela infraestrutura?
TB - Foi incrível. Já queria ter feito essa viagem há muito tempo e agora finalmente consegui visitar esse local, pois tive a sorte da Red Bull ter organizado um estágio. Pensava que ia sentir maior diferença entre água doce e salgada, mas não senti tanta essa mudança ao contrário de outras piscinas. A onda é inacreditável. A secção de aéreos é incrível e acaba por indicar o caminho para o futuro, para coisas melhores. É um treino que infelizmente não conseguimos ter com esta consistência no mar. A piscina acaba por ser um mini skate park. Tenho sempre ali a rampa e só tenho de preocupar-me em melhorar a cada onda gerada.
BC - Colocas-te o enfâse nos aéreos. À semelhança do que já sucede com os homens, consideras que o futuro do surf feminino de competição passa muito pela utilização desse recurso?
TB - Cada vez mais é o futuro. É algo pelo qual sempre tive muito interesse desde que comecei a surfar. Sempre fui muito virada para o lado das manobras radicais.
BC - Porém, atualmente ainda vê-se pouca aposta das surfistas no jogo aéreo...
TB - Vê-se pouco porque ainda está tudo a crescer. Lembro-me que não recebi quase nota da primeira vez em que dei um aéreo em competição. Para os juízes, tal movimento deveria ser visto como uma coisa fora da caixa, mas ainda não havia muito essa ideia. Isso faz com que as atletas pensem que se tivessem encaixado três manobras numa onda, talvez a nota fosse melhor. É muito mais difícil dar um aéreo do que as três manobras, mas se estas são mais pontuadas não faz sentido estar a voar. Hoje em dia a diferença do aéreo para a manobra está cada vez mais valorizada. Essa é a mentalidade a seguir.
BC - Terminado o ano de 2021, quando tens previsto o início da temporada de 2022?
TB - Vou começar entre os dias 15 e 27 de março no QS de Israel, o SEAT Netanya Pro.
BC - Até lá...
TB - É treinar por cá, mas também pode ser que faça alguma viagem para fora de Portugal.
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FotografiaWSL/Pedro Mestre/ISA/Pablo Jimenez
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FonteRedação
